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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Crítica: Platoon


Platoon (nota: 10)

Geralmente, filmes de guerra são marcados por terem um drama interligado à personagem principal. Um drama que faz você torcer pelo protagonista o filme todo, não importando quem seja o inimigo ou o que aconteça com ele.

Platoon é totalmente diferente de qualquer filme de guerra que você já viu. Primeiro, porque, a exemplo de muito combatentes americanos, você é jogado para dentro do filme, sem saber o que estava acontecendo ou o principal motivo da guerra no Sudoeste Asiático. E segundo, por ele se tratar de um filme extremamente seco. Não há momentos belos e emocionantes, apenas um verdadeiro sofrimento psicológico e físico sofrido pelos soldados norte-americanos.

O filme acompanha os dias do jovem Chris Taylor (Charlie Sheen), e logo no início apresenta para ele, que ter largado a faculdade para voluntariamente defender sua pátria foi um erro. Corpos em sacos plásticos logo no primeiro minuto confirmam isso. A idéia desse erro é fortalecida com as cenas dentro da floresta, onde a frase mais escutada ou pensada por nós expectadores é: “onde está o inimigo?”.

Para piorar, o pelotão está dividido, um pelo comando do sanguinário sargento Barnes (Tom Berenger) e outro pelo pacifista sargento Elias (Willem Defoe). Essa pode ser considerada a pior parte de uma guerra, o fato de ter como principal inimigo nós mesmos, como citado por Taylor em uma das cartas destinadas ao seu avô.

Outro exemplo citado por Taylor é uma verossímil comparação da guerra com o inferno. Um verdadeiro inferno, no qual, os combatentes estão vivendo. É visível em seus rostos a dor pela qual estão passando ali no Vietnã. É tanta dor, que a morte é o melhor caminho a ser tomado nesse conflito. Por exemplo, na clássica cena (capa do filme) em que o sargento Elias é perseguido por dezenas de vietcongues, após ser abandonado por seu pelotão. Ele toma inúmeros tiros e cai ajoelhado erguendo os braços e olhando para o céu. Um gesto que pode ser classificado como um agradecimento a Deus, pelo fim daquele interminável sofrimento.

E é o próprio sargento Elias é quem diz uma frase que traduz bem o objetivo do filme: “Nós vamos perder essa guerra. Já maltratamos tanto outros povos, que chegou a nossa vez”. O objetivo de apresentar os americanos, não como heróis, e sim como verdadeiros idiotas de quererem participar sem sentido algum da Guerra do Vietnã.

O filme mantém esse tom de melancolia o tempo inteiro, fortemente auxiliado pela excelente fotografia de Robert Richardson e suas cores sombrias, e principalmente pela deprimente trilhasonora de Samuel Barber, que aproveitou todo o clima do filme para criar o excepcional tema principal, presente em quase todos os momentos da película.

Platoon ganhou 4 Oscars (Filme, Diretor, Montagem e Som), além de ter concorrido nas categorias de Ator Coadjuvante (Willem Defoe e Tom Berenger), Fotografia e Roteiro Original. Esse, com certeza é um filme que mudou a visão apresentada sobre a Guerra do Vietnã, principalmente, porque seu diretor, Oliver Stone, escreveu o roteiro baseando-se em suas experiências reais durante esse conflito no Sudoeste Asiático. Um filme de guerra tão bom, quanto a sensação de alívio que alcançamos quando ele termina, uma sensação de alívio por não termos feito parte dessa guerra.

Platoon

EUA – 1986

Gênero: Guerra/Drama

Direção: Oliver Stone

Roteiro: Oliver Stone

Elenco: Charlie Sheen, Tom Berenger, Willem Dafoe, Forest Whitaker, Johnny Depp

Curiosidades:

As filmagens foram realizadas em seqüência e, a medida que os personagens morriam na tela, os atores eram mandados para casa. A emoção que Charlie Sheen demonstra na cena final, quando ele entra no helicóptero, foi real, pois ele finalmente sabia que estava retornando para casa.

Keanu Reeves recusou o papel de Chris Taylor.

O papel de sargento Barnes foi originalmente oferecido a Kevin Costner.

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